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DE NOVO NA SERRA

To aqui de novo na Serra,
To de volta à minha terra
Pra matar a saudade
Viver outra vez a liberdade
De ser criança.
Fazer cavalinho de mucunã
Jogar castanha de caju
Subir no pé de oiti
Sentir medo de fumaça
Comer feijão com farinha
Arroz e pequi
Tomar banho na lagoa
E numa boa
nunca mais sair daqui.

To aqui de novo na Serra,
To de volta à minha terra
Muito tempo sem voltar,
Mas nunca esqueci.
Dos lugares
De torcer fio
Dos teares, das redes,
De matar a sede
Na água limpinha do azedinho
De ver a grota zuar
E virar rio
Depois secar
Virar lama, virar pó,
Virar seca longa
E ameaça de fome.

Aqui na Serra,
To de volta à minha terra.
Para rever meus amores
Sentir cheiros e sabores,
O orvalho na milhã
Bem cedinho, de manhã.
Voltar sem o Cupido da chã.
Jumento manhoso
Sumido nas quebradas
onde a onça caça ovelhas
E passa medo em menino
Que pensa que é corajoso.


Aqui é a minha terra
Onde vivi minha infância
Busquei muitas cargas d’água no Fundão
Chupei manga do Pascoal
Vivi o desespero da necessidade
A solidão, a solidariedade,
Vi partidas e chegadas,
Até chegar a esperança
misturar-se com a saudade
e me levar pra longe.
Fui mas levei tudo
Que cabia aqui, no coração
Por que nunca quis sair.

To aqui de novo na Serra,
Aqui na minha terra
Sou criança pra sempre
Libertei-me do presente
Não preciso do futuro.
Vou continuar puro
Como no dia que nasci.

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